Bancos lucram alto às custas de endividamento
Uma realidade cruel. Enquanto o mercado financeiro lucra como nunca, mesmo em um cenário de crise econômica, os brasileiros puxam o freio de mão para conseguir pagar os boletos do mês. Os números mostram.
O balanço parcial dos cinco maiores bancos do país - BB, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander - passou dos R$ 70 bilhões entre janeiro e setembro de 2019, podendo passar dos R$ 100 bilhões no ano. É o melhor resultado da história do setor.
O bom momento, no entanto, contrasta com o de milhões de brasileiros, que precisam rebolar para pagar as contas do mês. Levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio) revela que 65,1% das famílias estão endividadas. Muitas por conta do desemprego ou da perda de direitos e achatamento salarial, o que culmina com a redução do rendimento do lar.
Para se ter ideia, mais de 12 milhões de pessoas seguem à espera de uma chance no mercado de trabalho. Um cenário que piora com o passar dos anos e o endurecimento da política neoliberal. Não é à toa que a concentração de renda aumenta e, consequentemente, a desigualdade social.
Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal da população 1% mais rica foi quase 34 vezes maior que da metade mais pobre em 2018. Isso significa que a parcela de maior renda teve ganho médio mensal de R$ 27.744,00 enquanto os 50% menos favorecidos ganharam apenas R$ 820,00.
Sem ter como viver com um salário tão baixo, muitos recorrem a empréstimos, usam o limite do cheque especial ou entram no rotativo de cartão de crédito, modalidades com juros altíssimos. A taxa média do rotativo do cartão passa dos 317% ao ano. A do cheque especial também não alivia, 305%. Um ciclo que leva ao superendividamento e novamente beneficia só os bancos.