Capitalização falhou em países que adotaram sistema
Para agradar os bancos, o governo Bolsonaro tenta empurrar a capitalização, prevista na reforma da Previdência. Mas, para quem acha que é uma excelente ideia, vai um dado. O sistema falhou em 60% dos países que o adotaram, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
No sistema de capitalização, o princípio da solidariedade entre os trabalhadores é liquidado. Cada um é responsável por fazer a própria poupança para a aposentadoria. Ou seja, os bancos vão administrar os recursos. Com isso, mais lucros.
As experiências anteriores mostram que onde houve a privatização das aposentadorias, prejuízos foram constatados. Tanto que dos 30 países que modificaram o sistema completamente ou em parte, entre 1981 e 2014, até o ano passado, 18 fizeram uma nova reforma ou reverteram as mudanças de alguma maneira.
Os problemas se acumularam. Custos fiscais e administrativos do novo sistema elevados, baixo valor das aposentadorias e desigualdade de renda. Além disso, o número de pessoas cobertas pela Previdência caiu na maioria dos países.
A OIT recomenda que o valor da aposentadoria seja de, no mínimo, 40% do salário-base de cada trabalhador após 30 anos de atividade. No entanto, diversos países que adotaram a capitalização, tiveram retração nas quantias, que ficaram abaixo deste índice. Na Bolívia, por exemplo, as pensões passaram a corresponder em média a 20% do salário que o trabalhador teve durante a carreira.
Lista Os 18 países que tentaram a capitalização, mas fizeram novas reformas, foram: Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Bulgária, Cazaquistão, Croácia, Eslováquia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedônia, Polônia, República Tcheca, Romênia e Rússia.
Completam a relação: Colômbia, Chile, Peru, Uruguai, México, El Salvador, Costa Rica, República Dominicana, Panamá, Armênia, Nigéria e Gana.