Bancários adoecem com ambiente nocivo
A reestruturação do setor bancário, nos últimos 20 anos, com forte concentração, redução drástica no número de funcionários e busca incessante pela lucratividade, impuseram um novo modelo das relações de trabalho, que tem impacto direto no trabalhador. Mais especificamente na saúde. Houve um aumento, sem precedentes, no número de adoecimento dos funcionários.
O índice alto é reflexo da rotina do bancário. Metas, assédio e sobrecarga são alguns fatores que contribuem para o surgimento de doenças de cunho psíquico e osteomuscular. Além da já conhecida LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos), a incidência de depressão tem sido grande entre a categoria. Os traumas são decorrentes não só do ambiente hostil, mas também das situações de violência a que são expostos os bancários.
Muitas vezes, o funcionário, mesmo acometido por doença ou vítima de acidente, tem de continuar com as atividades laborais. Muitos bancos se negam a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho, um dos recursos que contribuem para dar visibilidade aos agravos à saúde, por não quererem reconhecer o agravamento da lesão em função do acidente de trabalho. De julho a dezembro de 2014, por exemplo, o Sindicato dos Bancários da Bahia emitiu 167 CATs.
O diretor do Departamento de Saúde do Sindicato, Célio Pereira, afirma que a média de atendimento nos setor é de 20 bancários por dia. Do total, 13 estão relacionados às doenças psicológicas, fruto da pressão nas agências.
Para exemplificar, de 2012 a 2014, foram registradas 65 denúncias no MPT (Ministério Público do Trabalho) relativas às condições de trabalho no setor bancário. Do total, 78% foram relacionadas à ocorrência de assédio moral e 22% às condições de trabalho inadequadas.
Para o presidente do SBBA, Augusto Vasconcelos, “os problemas laborais do bancário se tornaram um caso de saúde pública. Iniciativas estruturais são necessárias diante dessa realidade”.
Bancários Bahia